Participei do Salvei, o podcast de cultura da Salvo que saiu no início de novembro. Como escrevo esse post em uma quinta-feira, e estou quase um mês sem entregar absolutamente nada, resolvi trazer um clima #tbt para o Substack.
Pra quem ainda não ouviu o episódio, mas pretende, faço aqui a ressalva com meu jeitinho brasileiro que: “não repara a bagunça, desculpa qualquer coisa ” e vai entrando.
Não sou muito da fala, então apesar de ouvir muitos podcasts sigo me sentindo mais à vontade escrevendo, e toda vez que preciso falar “em público” me lembro da minha participação como narradora na peça Carmem da escola, na qual observei durante todo o tempo em que falava, de rabo de olho, a minha professora movimentando a mão e dizendo “mais devagar, mais devagar”.
Dito isso, dá o play, lava uma louça, corta a unha ou não faça nada, que serei sua companhia durante esses minutos.
Essa edição da newsletter, ou como uma amiga outro dia me disse (será que ela tava me zuando, aliás?) do meu “diário”, é um resumo do que falei no episódio, com os links mencionados e também dos meus porquês em compartilhá-los.
📚 LENDO
Sigo a escritora Liliane Prata no Instagram e em algum momento me bati com sua newsletter, “Inquietudes” no Substack. Liliane, ou Lili como sou mais acostumada pelo Instagram é graduada em jornalismo e filosofia, já foi editora de comportamento na Revista Claudia além de ter diversos livros publicados. Confesso que ainda não os li, e têm sido suas reflexões e momentos de descompressão na newsletters que têm me encantado.
Ela escreve sobre humanidades, comportamento e literatura de uma forma cotidiana, como num papo desencanado contigo, porém com uma precisão de palavras bonitas.
Sugiro como porta de entrada um texto que ela publicou no início de outubro chamado “Minha mãe em casa”, no qual ela descreve a visita que sua mãe a faz como uma verdadeira curadoria de delicadezas das mais gostosas de ler, como:
“O cheiro de café fresco pelo menos cinco vezes por dia. A torcida empolgada assistindo aos jogos de vôlei na TV, as comemorações todas, as mãos levadas à cabeça. A barulheira dela jogando Jogo da vida com a Valentina enquanto preparo nosso jantar - "Não venha me enganar, garota, você não tinha tudo isso de dinheiro!”, “Eu tinha, vó, eu tinha!”. A ternura com que ela olha para o Vicente quando ele está sentado no chão, brincando. Ainda não parece cem por cento convencida da existência dele, mas ao mesmo tempo está absolutamente encantada.”
Ela tem uma publicação semanal apenas para assinantes pagos da newsletters, mas também uma publicação semanal gratuita, vale acompanhar.
Outra sugestão de leitura no podcast foi também uma newsletter, essa das mais emocionantes porque não há nada que eu ache mais rock n roll poético que receber na minha caixa de entrada um e-mail da Patti Smith.
A cantora, poeta, escritora, grande faz tudo publica versão paga e gratuita de seus textos, que são sempre escritos como um diário em que ela nos conta sobre o quê têm pensado em suas viagens, ou uma foto do que estava vendo naquele momento quando se sentou para escrever, além de reflexões aguçadas sobre o estado atual do mundo sem perder o carinho com as palavras.
Em uma das edições anotei um trecho na minha agenda que se tornou uma espécie de mantra para esses dias com aspecto de fim de mundo: “dê um passo atrás, coloque o mundo em perspectiva e cuide de si mesmo”.
Patti é um grande exemplo do bem viver e encerro essa dica com um trecho do seu “about” no Substack, que confesso queria ter escrito ou roubar para mim:
“Toda manhã por algumas horas no meu café de costume eu me sento e escrevo. O notebook e o café reinam. Escrever é o que eu faço, e tenho feito desde meus 12 anos, me imaginando como Jo March”.
** Jo March é a personagem principal do clássico “Mulherzinhas”.
👁️ VENDO
Estou em luto desde que acabei de ver 2ª temporada de The Bear (luto duplo, porque na semana passada engrossei o caldo ao finalizar pela segunda vez vendo com meu marido), logo quando não estou vendo nada que a própria Salvo indicou entre filmes e séries, me encontro em um hiato entre não ver nada, e tentando pegar o ritmo de alguns cursos e clubes que ingressei nos últimos tempos.
O que tenho assistido nas últimas semanas são as aulas gravadas e os materiais de apoio oferecidos no clube de literatura e psicanálise da Fabiane Secches. Desde que li o dossiê que ela escreveu sobre a Ferrante em uma edição da Revista Cult fiquei obcecada. Eu até então não a conhecia, mas desde esse dia fico caçando tudo o que ela produz – em podcasts, textos, cursos, que eu deveria fazer um dossiê de dicas “Lendo, vendo, ouvindo” edição Fabiane.
O clube dela funciona em ciclos, e o que participo acabou de encerrar, mas nele existem duas obras votadas por mês, sendo a mais votada escolhida para lermos em conjunto. Todo mês temos um encontro para falarmos sobre, mas a troca rola solta no grupo de WhatsApp do ciclo durante todo o período de ciclo do clube.
Quando lemos “Não fossem as sílabas do sábado” da Mariana Salomão Carrara, a própria respondeu algumas perguntas dos inscritos, quando lemos “As pequenas chances” da Natalia Timerman, uma aula nos foi oferecida sobre os ritos de passagem do judaísmo.
Esse ciclo, pra mim, foi especialmente um achado porque por obra do Zeitgest muitos dos livros escolhidos convergiram com as dicas ou da Salvo, ou presentes de amigas (como foi o caso de “Aos prantos no mercado”, meu livro favorito lido esse ano).
Então fica a dica porque logo outro ciclo do clube se inicia em janeiro!
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ps.: entre o episódio do podcast e esse #tbt da newsletter, você já pode se inscrever no novo ciclo do clube. O link é àquele acima, e a seleção do próximo ciclo está um primor. Será que nos vemos lá?
👂🏻 OUVINDO
Já faz um tempinho que os psicanalistas Lucas e André, do “Vibes em análise” me acompanham por momentos diversos da rotina com seu podcast. Sou particularmente fã da forma como eles conseguem passar um conteúdo denso, quase acadêmico, de uma forma fluida de ouvir, nada engessada e que incorpora muitas referências das tendências de cultura atuais para explicar movimentos macro da sociedade. É tanto conteúdo bom, que além de sintetizarem as referências que citam nos episódios em uma newsletter, eles acabaram de lançarar um livro.
Destaquei no episódio do Salvei dois episódios da temporada nova que têm reverberado em mim até agora: “Papinho de terapia”, onde comentam sobre o uso genérico que a gente tem feito de termos da psicanálise e de transtornos médicos, e o episódio “Inconsciente Artificial”, que entrega uma verdadeira aula sobre IA e também o conceito de Inconsciente artificial, relacionando com saúde mental e futuras projeções nesse tema.
Termos que eu não conhecia até então como “necromancia digital” (sendo exemplo o caso da Elis Regina na campanha da Volks recente) me intrigaram, e confesso que depois desse episódio, várias abas com as referências usadas se abriram para futuras leituras minhas.
Essas foram minhas dicas no episódio, e apesar de não ter conseguido “me ouvir” até então, sugiro fortemente que vocês ouçam cada episódio entregue, porque além de muita dica boa, as meninas compilam tudo de uma forma rica e leve (toda descrita no about do episódio pra você não perder nada depois), que parece no fim, um grande bate papo.
Escutei o episódio do podcast e adorei, Ldinha! Não sei explicar, mas achei você muito elegante na conversa :)
ahhhhh, que máximo! acabamos de eleger a melhor parte dessa news: "logo quando não estou vendo nada que a própria Salvo indicou entre filmes e séries, me encontro em um hiato entre não ver nada" kkkkk